20 de junho de 2012


Artigos


O papel da mídia na educação sexual do filho



O sexo tem sido intensamente explorado pelos meios de comunicação, principalmente nos últimos 20 anos, tanto com a finalidade de alcançar picos de audiência como de fazer "marketing" de produtos variados. A televisão é o principal comunicador de massas da atualidade; conseqüentemente educa, cria padrões e dissemina informações. Infelizmente, um meio com tal capacidade tem sido usado freqüentemente de maneira inadequada, gerando deseducação, repetindo padrões irreais e omitindo e/ou deturpando informações.

Definitivamente, a televisão transformou-se na principal fonte de deseducação sexual para adolescentes, pois veicula o sexo com pouquíssimas referencias à contracepção e doenças sexualmente transmissíveis (DST), além de passar mensagens como "adultos não planejam sexo" e "adultos não usam contraceptivos".

Entretanto, não podemos nos esquecer que, se a televisão e outros meios de comunicação ocuparam esse espaço, é porque ele estava vago. A família e a escola precisam retomar o seu papel de verdadeiros educadores das crianças e dos adolescentes. A informação clara, verdadeira, desmistificada e dentro de um contexto de afeição e compreensão é a nossa principal arma contra os danos que os meios de comunicação podem provocar.

Segundo o comunicado oficial da Academia Americana de Pediatria Força Tarefa sobre crianças e TV, publicado em dezembro de 1984: "A retratação (na TV) de papéis sexuais e de sexualidade é irreal e enganadora. A relação sexual se desenvolve rapidamente, o risco de gravidez raramente é considerado; a adolescência é vista como estado constante de crise sexual. Essas características podem contribuir direta ou indiretamente para o risco de gravidez e alterar claramente experiências de aprendizado próprio para a idade com respeito à sexualidade. A pornografia através de fitas de vídeos é uma preocupação importante".

Uma reportagem publicada pelo National Council of Womem diz que a imagem de "macho" passada pelos heróis do cinema/TV, como James Bond, reforça os papéis sexuais estereotipados e contribui para a precocidade das relações sexuais bem como atuam a favor do sexismo (discriminação entre os sexos) e da dupla moral.

Alguns estudos têm sido feitos principalmente nos Estados Unidos, com a intenção de detectar a real influência do erotismo veiculado na TV no comportamento dos adolescentes. Ao que parece a TV contribui para a precocidade da iniciação sexual no adolescente, pois acentua o sentimento de que "todo o mundo está fazendo isso".

O que fazer? Maria Helena Gouveia nos diz que desligar os aparelhos não é a solução, e sim que "discutir o que é realidade e o que é ficção é muito enriquecedor. Se, de um lado a influência dos meios de comunicação no desenvolvimento da sexualidade pode ser maléfica, de outro, é de grande abertura para o diálogo e a aproximação entre pais e filhos. A invenção é extraordinária. Como usá-la é o complemento, e é indispensável".

 Comentário:

Filmes infantis, novelas, internet, videogames, músicas, são fatores que influenciam as crianças a entrarem no mundo sexual cedo demais, prejudicando o desenvolvimento natural e a aprendizagem afetiva. As novelas com cenas de sexo em horário nobre, às músicas com letras impróprias e sem cultura que não agrega valor algum na educação infantil deixando muito a desejar.
É preciso selecionar melhor o que nossas crianças vão ter acesso e mais que isso é preciso educá-las melhor para o mundo que as espera.
Criança tem mais é que brincar, aproveitar o máximo a infância e não ficar mais de 4 horas em frente a TV e internet e ser usada como objeto de consumo em propagandas.
Janeide Vasco de S. Moretti
A sexualidade

Comentário de Janeide:
Vivemos numa época de muitas informações, a sexualidade está cada vez mais presente nos meios de comunicação, principalmente na televisão, gerando curiosidade da criança em relação à sexualidade.
Paradoxalmente os pais se percebem inseguros na forma de lidar com as primeiras manifestações da sexualidade da criança. Tais manifestações geram angústia e ansiedade nos pais ao se perguntarem o que fazer, como fazer?
Sexualidade Infantil segundo Freud

Comentário:

A sexualidade, para Freud, não se limita à função dos órgãos genitais e desperta muito cedo, logo após o nascimento. Uma série de excitações e de atividades, presentes desde a infância, proporcionariam um prazer desvinculado de satisfações fisiológicas.

Vamos assistir o vídeo para ter mais e melhor conhecimento sobre sexualidade e Freud.
 
Janeide Vasco de S. Moretti
Turbulentos anos da adolescência

Este é um período onde várias possibilidades precisam ser escolhidas e muitas potencialidades estão por desenvolver, o que o torna uma fase muito difícil.
Turbulentos anos da adolescência é o que os adultos falam em relação a essa faixa etária.O importante é saber que todos passam por essa faixa etária e precisa ter compreensão dos mais velhos. Bom vídeo! Curtam!

Janeide Vasco de S. Moretti

Projeto: Orientação Sexual na Escola

Justificativa:

O tema sexualidade, talvez seja um dos mais polêmicos e de maior dificuldade de ser tratado devido a falta de informação, paradigmas e preconceitos.

 Na realidade, hoje as escolas assumem cada vez mais a responsabilidade de educar as crianças devido à falta de convivência familiar pelo  tempo de trabalho de seus pais e também na maioria dos casos, preferem não tratar de assuntos como a sexualidade. Daí a importância básica do papel da escola na educação sexual desde a educação infantil até as séries finais, no sentido de informar aquilo que o aluno demonstra curiosidade e interesse que pode estar relacionado a um fato ocorrido em casa, na escola ou visto em um meio de comunicação, pois se a criança cresce aceitando e sabendo sobre sua sexualidade certamente terá uma vida sexual saudável.

Sabemos que na maioria das vezes as escolas não estão conseguindo cumprir esse papel com eficiência, pois contamos com a concorrência desleal dos meios de comunicação, que geralmente promove a promiscuidade e revelam sensualidade que confunde a cabeça da criança e do jovem. Para que o sucesso seja alcançado é necessária a preparação de todos os segmentos da escola, professores, direção, orientação educacional, coordenação pedagógica, no sentido de repensarem seus conceitos e a consequente quebra de tabus, pois é pura demagogia querermos uma escola moderna com real interesse na formação integral de seus alunos e ainda existir no âmbito educativo pessoas que se barbarizam com a masturbação ou marginalizam a homossexualidade.


Objetivos:

-Envolver toda equipe educativa e os pais no trabalho de orientação sexual dos alunos;

-Desenvolver nos alunos o respeito pelo seu próprio corpo e também do outro;

-Refletir sobre as diferenças de gêneros, relacionamentos, convivendo bem com elas;

-Informar sobre curiosidades de forma clara e adequada;

-Trabalhar temas como: gravidez precoce, métodos contraceptivos, doenças sexualmente transmissíveis (DSTs);

-Conscientizar sobre a importância de uma vida sexual natural, com qualidade e responsável.


Público Alvo e duração:

Este projeto deve ser adaptado para todos os segmentos da escola, desde a educação infantil até o ensino médio com diferentes abordagens. Sua duração será para todo o ano letivo.


Desenvolvimento:

1ª Etapa – Preparação da escola e da comunidade.

Capacitação da Equipe Educativa: Serão oferecidos cursos de capacitação, com profissionais da área (psicólogos escolar e terapeutas), para preparar os professores e funcionários que lidam diretamente com os alunos, para lidarem com as manifestações da sexualidade de crianças e adolescentes de uma natural e que contribua com o processo do desenvolvimento integral do ser humano. Além disso, os formadores podem ajudar a identificar os conteúdos das diversas disciplinas que irão contribuir para um trabalho sistemático sobre o tema;

Formação Permanente: A cada quinze dias, será organizado um grupo de professores para estudarem temas ligados à sexualidade, discutir as experiências vividas em salas de aula e também para atualização do blog com dicas de vídeos, paradidáticos ou reportagens sobre o assunto;

Envolvimento do Pais: Reunião com as famílias para apresentar o projeto e também para falar sobre as principais manifestações da sexualidade na infância e adolescência e a importância de se tratar o assunto de forma natural e com responsabilidade, também em casa.



2ª Etapa – Abordagens do tema sexualidade na sala de aula de acordo com faixas etárias e curiosidades.



Educação Infantil : Diferenças de gêneros/ Corpo e prazer ao se tocar.

 Nesta fase é preciso explorar as diferenças físicas e comportamentais entre meninos e meninas com informações claras, sem analogias como: apelidar os órgãos genitais. A linguagem precisa ser simples, mas sem fantasias, é importante ouvir as perguntas e responder de forma clara e simples. Na tentativa de preservarem a “inocência” infantil, os adultos recorrem as explicações mágicas, colocando ainda fantasia no pensamento da criança. Segundo Britzman (1998), no entanto, é preciso considerar que ela elabora suas próprias teorias a respeito de sexo e sexualidade sem autorização dos adultos apesar dos empecilhos colocados pela cultura.

Para isso serão usados como recursos :

- brincar na areia, na terra, com água para que descubram formas de satisfação ao pisar, tocar, disputar, manipular objetos;

-músicas e livros que abordem o processo físico de evolução como a “De umbigo a umbiguinho” de Toquinho; os paradidáticos na linha do pensamento sexual para crianças como “A mamãe botou um ovo” de Babete Cole; “Ceci tem pipi? De Heloisa Jahn e Thierry Leniam. O  objetivo é estimular debates sobre por exemplo, uma mulher que viram grávida, ou o desenvolvimento do bebê, as diferenças nos seus corpos (menino e menina), depois se pode desenhar respostas na lousa, utilizar cartazes, bonecos que tenham os órgãos genitais para satisfazer as curiosidades na medida em que a criança vá demonstrando interesse .



Ensino Fundamental -1º ao 5º ano :Vocabulários da sexualidade/Padrões de beleza.

Palavrões são muito usados nesta fase como forma de chamar atenção ou para agredir. Mas eles perdem rapidamente o impacto quando, por exemplo se escreve no quadro, explica o significado de cada um e deixa bem claro que são ofensivos, vulgares e, por isso, não devem ser usados- principalmente em público.

Caso as palavras façam referências aos órgãos sexuais, é importante também escrevê-los no quadro confrontando com os termos corretos, utilizar cartazes com as figuras do corpo humano nomeadas corretamente cada uma de suas partes como braço, perna, cabeça, vagina, pênis, e começar sempre utilizá-las nas conversas sobre o tema ajudando a desmitificar essas palavras.   

Nessa idade é fácil perceber que há o deboche da aparência de colegas. Será proposto que assistam como tarefa de casa o filme Shrek  , logo depois,  promover debates sobre padrões de beleza, dividindo a turma em duplas pedindo que cada um descreva qualidades ou algo que ache bonito no colega comparando com a história do filme refletir se é justo, que as pessoas evitem ou zombem daquilo ou de quem não ache bonito. Em uma aula de arte analisar a obra de Leonardo da Vinci – Monalisa- explicando que na época em que foi pintada, ela era um padrão de beleza e hoje a sociedade apresenta outro padrão de beleza, mas o importante é valorizarmos nosso corpo, cuidar, entender as transformações que o nosso corpo sofre de acordo com as fases da vida.



Ensino Fundamental – 6º ao 9º ano: Puberdade/Métodos contraceptivos/ Ser homem ou Mulher /DSTs  

Esta fase é marcada pela puberdade – conjunto de transformações físicas e emocionais que traduzem a passagem progressiva da infância para a adolescência, onde ocorrem diferenças e alterações no corpo, surgem os pelos, a menstruação, etc. Assim, é importante explicar bem para que o adolescente entenda o “por que ” e qual a maneira mais saudável para seu desenvolvimento sexual.

Recursos para abordar tudo isso :

- ler com os alunos o poema “Enjoadinho de Vinicius de Moraes”(trata as necessidades de um bebê, do que se abre mão para ser pai ou mãe) , levar e fazer circular pela sala de aula cartelas de pílulas anticoncepcionais, preservativos femininos e masculinos, tabelinhas para o ciclo menstrual, responder as dúvidas da utilização desses, aconselhar na proteção à uma gravidez precoce;

-assistir filmes com o grupo de alunos como “Billy Elliot”, de Stephen Daldry (onde o filho de um casal conservador resolve ser bailarino); “Brokeback Montain”, de Ang Lee(mostra o preconceito contra homossexuais) para, então propor diálogos improvisados entre os adolescentes usando argumentos compatíveis com os personagens;

-ouvir com os alunos músicas como A Via Láctea de Renato Russo; Ideologia de Cazuza (musicos que morreram vítimas da aids) e selecionar versos dessas canções como: “Essa febre não passa ; Meu prazer agora é risco de vida”    , para abordar DSTs e prevenções, realizando pesquisas sobre a incidência da síndromes na população, levando-os a refletir que não existem mais grupos de risco e sim atitudes de risco;



Ensino Médio – Sexo uma necessidade evolutiva

No ensino médio o tema será abordado de forma mais ampla e complexa, usando os conhecimentos adquiridos nas aulas de Biologia e assim, considerar a relação sexual como sendo necessária para a manutenção da espécie humana.

A escola trará para palestras e oficinas terapêuticas aos jovens: psicólogos escolar, médicos ginecologistas e pesquisadores em Orientação Sexual para ajudar na reflexão e atitudes que considerem a relação do ato sexual com o amor, a homossexualidade e a bissexualidade, o aborto, os problemas genéticos que podem ocorrer com o casal e com os seus respectivos filhos, a infertilidade e as suas soluções, da vida sexual com qualidade e informações necessárias para encaminhar esses jovens a uma geração sexualmente saudável e responsável.


METODOLOGIA:

-sensibilização;

-reflexão, debates e discussões;

-leitura e análise de textos, livros e de vídeos;

-aula expositiva / uso de modelos /cartazes/ slides;

-dinâmicas de grupo;

-palestras e oficinas terapêuticas com profissionais da área.
 

AVALIAÇÃO:

-escrita individual e em grupo;

-em grupo através das discussões e colocações sobre cada tema;

 -iniciativas e participação geral.


Conclusão:

Realizar um trabalho de orientação sexual em uma escola possibilita aos alunos informações e reflexões a cerca de todos os aspectos que envolvem a sexualidade. A informação pode ser a mesma para todos, mas a reflexão é individual, levando cada pessoa a formar posturas personalizadas. O termo “orientação” faz-se mais adequado, do que anteriormente que se intitulava “educação sexual”, uma vez que este trabalho não se propõe a educar, mas direcionar a análise e compreensão dos alunos a cerca de todos os aspectos referentes a sexualidade. A educação virá da família, seja ela repressora, liberal ou ausente.

            Deste modo, a escola hoje, não tem função apenas de ensinar, mas de formar cidadãos conscientes do seu papel na sociedade, tornando-se capazes de enxergar a realidade e discernir sobre como agir. Na realidade, a construção da sexualidade é um processo extremamente complexo, concomitantemente individual social, psíquico e cultural, que possui historicidade, envolve práticas, atitudes e simbolizações. Faz-se necessário não só trabalhar com crianças e adolescentes os processos cognitivos, mas todos os aspectos relacionados com a afetividade, com a formação da cidadania, com a ética, com a sexualidade. Deste modo, este projeto propôs ser mais um instrumento de discussão e esclarecimentos de dúvidas a cerca da sexualidade humana.


BIBLIOGRAFIA


ARANTANGY, Lídia. Revista Isto É, nº 1340, p. 94. 07 de junho 1995.


BRITZMAN, Deborah P. O que é esta coisa chamada amor? Identidade homossexual, orientação e currículo. Orientação & Realidade, Porto Alegre, n. 21(1), p.71-96, jan. /jun.

GENTILE, Paola. Revista Nova Escola, p. 22 de abril de 2006.



______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Saúde e

prevenção nas escolas: guia para a formação de profissionais de saúde e de

educação. Brasília, 2008.


SUPLICY, Marta. Conversando sobre sexo. Petrópolis, RJ: Vozes, 1983.

TELES, Maria Luíza Silveira. Educação, a revolução necessária. Petrópolis, RJ: Vozes, 1992.


Sexualidade

Comentário

O desenvolvimento emocional da criança deve ser observado durante a educação sexual, os pais e professores precisam dar espaço para que as questões sejam colocadas e respondê-las com simplicidade, de forma que a criança entenda, considerando o nível de maturidade e suas necessidades emocionais. Se as respostas forem insuficientes a criança continuará perguntando ou procurará obter respostas em outros lugares, talvez não muito confiáveis.
A família é o contexto, no qual a criança precisa obter educação sexual e não necessariamente quando proporcionam informações ou explicações. Os pais devem estar atentos com qualquer mudança de comportamento do filho.
Janeide Vasco Moretti
SEXUALIDADE INFANTIL NA ESCOLA

Aspectos pedagógicos e socioculturais

Inicialmente, precisamos ver a sexualidade não apenas como mais uma das inúmeras funções do organismo (como respiração, digestão, circulação etc.), e sim como uma das mais relevantes para que a criança construa sua própria identidade e se perceba como uma Pessoa Humana. É a principal função para o desenvolvimento de todas as potencialidades construtivas do organismo, ou seja, para que a criança aprenda desde cedo a lidar com seu corpo e, através dele, explorar o mundo ao seu redor. A energia para esse evoluir contínuo chama-se libido. Essa grandeza energética atinge seu máximo potencial durante o relacionamento sexual, porém já desde a tenra infância alimenta todo o ciclo de integração do indivíduo com o mundo que lhe cerca. É essa energia, transmutada em afetividade, que estrutura e consolida a relação da criança com sua família e seus cuidadores (incluindo professores) para a formação de uma personalidade destinada ao futuro exercício de uma cidadania ativa. O principal que nós adultos temos a fazer é colaborar para esta harmoniosa canalização da libido infantil. Precisamos nos tranquilizar que nem sempre a criança segue uma direção absolutamente disciplinada e laboriosa na utilização da libido. Isso acontece mesmo que nós oportunizemos e facilitemos as atividades mais atraentes e produtivas para a construção do Ser da criança, pois a libido dos pequenos muitas vezes excede a necessidade de sua utilização pelo trabalho pedagógico, lúdico ou laboral que nós propomos aos pequenos. Ainda sobra energia. Além disso, dessas condições normais, há ainda os conflitos internos ou no seio do lar que fazem a criança extravasar comportamentalmente sua energia libidinal. É aí que presenciamos, por exemplo, manipulação de genitais, imitação de atos hetero ou homossexuais, vocabulário erotizado, rudimentares desenhos pornográficos e gestos obscenos.
A criança a partir dos dois anos de idade ela começa a descobrir seu próprio corpo, chamamos de identidade sexual. Cabe á família e o educador estarem atento ao simbolismo com que as crianças expressam sentimentos, angústia, irreverência, oposição etc., pois a primeira infância é um período pré-conceptual, ou seja, ainda não existe uma estrutura neural competente para viabilizar operações e conceitos formais e concretos. Trabalhar ludicamente a simbologia da linguagem infantil, valorizar a semiologia do imaginário da criança – eis a grande cartada para a promoção de uma sexualidade dignificante. É curioso saber que, segundo várias pesquisas com meninas adolescentes, a curiosidade é o principal fator que as leva a iniciar sua atividade sexual. Não é preciso imaginação para perceber que o fator “curiosidade” é ainda mais imponente na primeira infância. Satisfazer e não reprimir a curiosidade das crianças é um postulado básico de qualquer processo pedagógico. Mas satisfazer também com simbolização e não com protocolos e expedientes banalizados, inadequados ou inacessíveis aos pequeninos. A criança é mágica por natureza e, consequentemente, aprende por símbolos, desde que estes possam se situar dentro de seu campo fenomenal. A criança trabalha com símbolos, pois brincar é seu trabalho, e este trabalho não é menos valioso que o trabalho dos adultos. Precisamos atribuir à simbologia infantil o status de conhecimento.
As crianças que estão na Educação Infantil e no Fundamental já têm sexualidade e os professores precisam saber lidar com ela.
Freud dia “A criança não é um anjinho de candura e inocência: ela tem sexualidade que se desenvolve do nascimento até a vida adulta”.
Essa afirmação serve para respaldar a necessidade que os professores de Ensino Infantil e Fundamental têm de estar preparados para lidar com a sexualidade.
Afinal, já a partir dos três anos de idade, a sexualidade fica mais evidenciada entre as crianças. Não se trata de erotização, mas da curiosidade com o sexo. Trata-se do interesse pelas diferenças entre o pai e a mãe, o menino e a menina, não tem nada a ver com o banho hormonal da adolescência.
É preciso lidar com o fato como se lida com uma criança que brinca muito com o mesmo brinquedo. Por exemplo, se o garoto joga bola por muito tempo, ninguém diz que o pé dele vai cair ou que irão crescer pelos nos pés. Simplesmente, o professor recomenda que ele deixe a quadra e volte para a classe para outra atividade. Naturalmente. Com o sexo deve ser da mesma forma. Basta distrair a criança, dizer que aquilo não é coisa que se faz em público.
Na Educação Infantil, se uma criança fizer uma pergunta relacionada a sexo o professor deve responder de forma curta e correta, esclarecendo que a sexualidade existe. Explicando, por exemplo, de onde as crianças vêm: da barriga da mãe e que o pai colocou uma semente dentro dela.
“Mas para que isso ocorra é necessário investir no professor. Se ele tem dificuldades com sua própria sexualidade, como lidar com a dos alunos?” Não há problemas em preparar os educadores para tratar desse assunto, uma vez que não há a intenção de formá-los terapeutas. Mas sim, deixá-los prontos para lidar com as experiências referentes à sexualidade que apareçam em seu dia-a-dia. “O assunto sexualidade deve ser colocado como um dos temas transversais e o professor precisam estar bem informados para não criar tabus, problemas ou traumas nas crianças.”
Uma coisa que deixa os professores de Educação Infantil e Fundamental de cabelo em pé, é a masturbação infantil. “Há crianças com três anos de idade que descobrem que mexer nos órgãos genitais é algo gostoso. E não tiram mais a mão de lá. As meninas, por exemplo, ficam puxando a calcinha em público.” Essas atitudes da criança levam os professores imaginarem que as crianças com este comportamento sexual devem ter problemas ou sofrido algum abuso, mas não é nada disso. “Não há nada de excepcional ou problemático neste comportamento. Basta mostrar para a criança, de forma natural, que são coisas que não devem ser feitas em público e distraí-las com outras atividades, como se fosse uma brincadeira em excesso.”
Por volta dos três anos, a criança passa por mudanças significativas: deixa de usar fraldas, torna-se mais independente dos pais e descobre seu corpo. Nessa “exploração”, ela se toca e acaba descobrindo o prazer que isso causa. “Essa fase faz parte do desenvolvimento, assim como engatinhar, andar e falar”.
Nem por isso deve-se considerar tudo natural e permitido. É possível que a masturbação seja um problema quando é frequente. Pode ser sintoma de que a criança não consegue encontrar prazer nas brincadeiras e no relacionamento com amiguinhos.
Sendo assim o professor deve agir da seguinte maneira:
Em primeiro lugar, explique que há coisas que não devem ser feitas na frente das pessoas, como cocô e xixi ou brincar com os órgãos sexuais. Mostre a diferença entre público e privado e não entre certo e errado. Recriminar pode ser desastroso, pois é possível que a criança acabe por misturar sentimento de prazer e satisfação com complexo de culpa.
Segundo, desvie a atenção dessas crianças para os prazeres da escola, como pintar, tocar um instrumento, brincar, correr, dançar e jogar. Valorize a imagem e melhore a autoestima delas, elogiando suas tarefas e dando-lhe atenção.
Proponho “repensar” de conceitos e atitudes e não ignorar a sexualidade. Devemos tratar o tema como coisa normal e essencial como beber água, comer ou respirar.
Quando todos nós encaramos a sexualidade desta maneira, sem sombra de dúvidas, teremos ao menos encaminhada uma geração sexualmente saudável e responsável.

Fonte: Revista Nova Escola edição 2008

Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. (Estatuto da Criança e do Adolescente - LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.)

Comentário de Gislaine
Os profissionais da saúde e da educação percebem com bastante frequência as dificuldades de pais e familiares em lidar com as manifestações das crianças no terreno da sexualidade. Os mesmos profissionais reconhecem suas próprias limitações em compreender e abordar o assunto.